Ela sentava-se sempre na última fila.
Uma menina grande e calada, com uma camisola eterna e um olhar abatido.
Na aula, mal era notada, apenas ocasionalmente — por uma piada ou por um dedo apontado.
Ela não se ofendeu; simplesmente pegou nos seus cadernos e saiu antes de todos, antes que as gargalhadas começassem.
O seu nome era Masha.
Ela não gostava de espelhos.
E as pessoas raramente olhavam para ela de uma forma que a fizesse querer olhar para trás.
Um dia, na aula de oficina, a professora reparou nela a costurar.
Os seus dedos finos, atentos, como se tivessem medo de errar, nunca vacilaram.
“Costuras com alma”, disse a professora.
Masha sorriu pela primeira vez em muito tempo.
Depois da aula, ela desapareceu de vista — como se tivesse desaparecido.
Algumas pessoas ouviram que ela tinha saído, outras que estava a trabalhar numa loja de tecidos.
Os anos passaram. E de repente, apareceu um vídeo no feed de notícias:
No ecrã — uma mulher com um vestido simples, cabelo curto e um sorriso rasgado.
O seu nome ainda era o mesmo: Masha.
Contou como, durante toda a vida, não conseguiu encontrar roupas que a fizessem sentir bonita.
E um dia, decidiu costurar para pessoas como ela.
Para aquelas que eram provocadas, que se escondiam atrás de camisolas, que temiam a palavra “reflexo”.
Ela abriu um pequeno estúdio.
No início, algumas encomendas por mês. Depois, centenas.
As mulheres escreveram-lhe cartas, enviaram-lhe fotografias, agradeceram-lhe por as fazer sentir vivas pela primeira vez.
Três anos depois, foi convidada para a Semana da Moda de Paris.
Onde antes só havia brilho e frio.
Subiu ao palco com o seu vestido simples, sem lantejoulas, sem posar.
E a plateia levantou-se.
Ela não fez um discurso.
Ela simplesmente olhou para o público e sorriu. Porque ela sabia que agora ninguém diria que ela “não era assim”.
Ora, “assim” significava que ela era real.

