A cadela ama vive na família há muitos anos e cuida das crianças como se fossem suas

A casa acordou lentamente.
Primeiro, o som da chaleira. Depois, o clique dos interruptores. Depois, o riso de uma criança, como um pássaro que ainda não tinha aprendido a voar.
E algures no meio de tudo isto — May, a grande cachorrinha dourada que vivia na casa há oito anos e sabia tudo melhor do que ninguém.

Abriu os olhos diante do despertador.
Caminhou suavemente pelo corredor, verificando se o bebé respirava no berço, se a manta tinha escorregado.
Então, sentou-se ao lado dele, como uma guarda às portas do sono.

A mamã costumava dizer, sorrindo:
“Se não fosse ela, provavelmente teria enlouquecido.”
May era realmente uma ama. Só que sem palavras.
Sabia sentir quando uma criança estava prestes a chorar, quando tinha febre, quando bastava deitar a cabeça no seu colo, e então tudo passava.

Num inverno, quando a queda de neve era tão forte que o vidro zumbia, a criança adoeceu. A temperatura subiu, a mãe correu entre a farmácia e o termómetro, mas May não queria ir embora.
Nessa noite, quando a mulher adormeceu de cansaço, o cão levantou-se de repente e começou a ganir baixinho, empurrando a porta com o focinho.
Ela levou o dono até ao berço. O menino respirava com dificuldade.
A ambulância chegou mesmo a tempo. Os médicos disseram mais tarde: um pouco mais e seria tarde demais.

Desde então, a mãe acaricia a cabeça de May todas as manhãs, sussurrando:
“Obrigada, ama.”

Mas um dia, alguns anos mais tarde, o rapaz — agora estudante — disse:
“Mãe, como é que a May sabia que eu estava doente?”
A mulher sorriu, mas não respondeu. Porque ninguém sabia.
Nem os veterinários, nem os médicos, nem a própria.

Ou talvez seja assim que o amor funciona — sente tudo antes de a mente o poder compreender.

Atyew